Europa patria nostra
Desde tempos remotos
Nesta terra habitaram
Agricultores e pastores
Conquistadores e navegadores
Gentes nómadas e sedentárias
Culturas e línguas várias
Há mais de um século
Que Nietzsche partiu
Antes dele Goethe triunfou
Homero, estás já longe...
E Péricles, o que nos deixou?
A Grécia dos primórdios
De outros mais nos falou
Apolo, Leónidas e Zeus
Dórios, Espartanos e Aqueus
Oráculo de Delfos, Platão, Aristóteles
Entre tantos outros
Que enumerar não vou
Ó Europa, pátria nossa
O teu legado não esquecemos
Nos escombros de agora
Muitos de nós perecemos
Aqui se ergueram sacros templos e catedrais
Mas hoje o que resta, ó venais?
Governaram reis e imperadores
Lutaram plebeus, santos e aristocratas
Brilharam poetas, sábios e guerreiros
Também iniciados e cavaleiros
Cantaram monges e trovadores
Fomos pagãos antes de cristãos
Roma foi até Monarquia
Antes do Império ver o dia
Tantos povos
Por aqui passaram
Neste velho continente
Que em ruínas deixaram
Iberos e Celtas
Germanos e Vikings
Eslavos e Helenos
Deles todos nos lembremos
Preservemos Dante e Shakespeare
Camões, Yeats e Pessoa
Rilke, Leopardi, Holderlin
Olha Eliade em Lisboa!
Junger foi dissidente
Vida cheia e longa viveu
Codreanu legionário
Pelos seus combateu
Também Evola e Guénon
A sua herança nos deixaram
Arda a chama
Da nossa revolução
Não perdoamos a traição.
N. Afonso, 23.10.2012
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sábado, 27 de outubro de 2012
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Mercados e mercadores
Mercados e mercadores
Dançam cisnes no lago
Ao som de uma celestial melodia
Negoceiam os mercadores ao longe
Perde-se o rasto ao dia
Onde estão agora os deuses,
Mitos, rituais e sacrifícios?
Chegaram há muito os vendilhões
Da honra e da coisa pública
Mercado é palavra santa
Na boca hipócrita dos que a veneram
É falsa a moralidade burguesa
Nos templos há muito instalada
Tudo é para vender:
Pátrias, terras, ilusões
Povos, dignidade e acções
É o modo liberal de viver
A idolatria do vil metal
Desfaz sonhos e esperanças
A ganância não tem igual
Haja ouro nas suas lembranças
N. Afonso, 20.10.2012
Dançam cisnes no lago
Ao som de uma celestial melodia
Negoceiam os mercadores ao longe
Perde-se o rasto ao dia
Onde estão agora os deuses,
Mitos, rituais e sacrifícios?
Chegaram há muito os vendilhões
Da honra e da coisa pública
Mercado é palavra santa
Na boca hipócrita dos que a veneram
É falsa a moralidade burguesa
Nos templos há muito instalada
Tudo é para vender:
Pátrias, terras, ilusões
Povos, dignidade e acções
É o modo liberal de viver
A idolatria do vil metal
Desfaz sonhos e esperanças
A ganância não tem igual
Haja ouro nas suas lembranças
N. Afonso, 20.10.2012
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Faina interior
Faina interior
Sussurras-me uns versos suaves
Mas já cá não estás
Quando o Inverno chegar
Partes no comboio da madrugada
Atracam os barcos no cais
Perdem-se uns homens no mar
Um dia, outros no seu lugar,
Lançarão também as redes
Em busca de peixe
Nesse mar profundo e escuro
A noite é longa e fria
A vida é breve e tensa
As ondas levam e trazem
A memória é um arquivo interior
Repleto de viagens inacabadas
O teu regresso está próximo
O caminho de volta
É perigoso, lento mas valioso
Avisto o teu vulto ao longe
Chegas e ficas. É isto. Permanecemos.
N. Afonso, 20.10.2012
Sussurras-me uns versos suaves
Mas já cá não estás
Quando o Inverno chegar
Partes no comboio da madrugada
Atracam os barcos no cais
Perdem-se uns homens no mar
Um dia, outros no seu lugar,
Lançarão também as redes
Em busca de peixe
Nesse mar profundo e escuro
A noite é longa e fria
A vida é breve e tensa
As ondas levam e trazem
A memória é um arquivo interior
Repleto de viagens inacabadas
O teu regresso está próximo
O caminho de volta
É perigoso, lento mas valioso
Avisto o teu vulto ao longe
Chegas e ficas. É isto. Permanecemos.
N. Afonso, 20.10.2012
domingo, 21 de outubro de 2012
O que ficará de pé
O que ficará de pé
É lícito perguntar
Se alguém sabe
O que ficará de pé
Quando tudo se desmoronar
Serão homens ou animais
Pedras ou vegetais
O Sol ou o luar
Quando tudo terminar?
Somos a última barreira
A última linha de resistência
Antes do ataque final
Ao coração da existência
Ninguém sabe o dia
A hora ou o local
Que não te domine a agonia
No momento crucial
E fica também a saber
Que o fim vem antes
De um novo início
É algo que não podes perder
N. Afonso, 09.10.2012
É lícito perguntar
Se alguém sabe
O que ficará de pé
Quando tudo se desmoronar
Serão homens ou animais
Pedras ou vegetais
O Sol ou o luar
Quando tudo terminar?
Somos a última barreira
A última linha de resistência
Antes do ataque final
Ao coração da existência
Ninguém sabe o dia
A hora ou o local
Que não te domine a agonia
No momento crucial
E fica também a saber
Que o fim vem antes
De um novo início
É algo que não podes perder
N. Afonso, 09.10.2012
terça-feira, 16 de outubro de 2012
O corpo de arco-íris no Budismo Tibetano
'' Através destes métodos avançados do dzogchen (grande perfeição), os praticantes consumados podem conduzir as suas vidas até um fim extraordinário e triunfante. Quando morrem, permitem que o seu corpo seja reabsorvido de volta na essência de luz dos elementos que o criaram e, consequentemente, o corpo material dissolve-se em luz e desaparece completamente. Este processo é conhecido pela designação de '' corpo de arco-íris '' ou '' corpo de luz '', porque a sua dissolução é frequentemente acompanhada por manifestações espontâneas desse género. Os antigos tantras do dzogchen - e os escritos dos grandes mestres - distinguem diferentes categorias deste fenómeno espantoso e sobrenatural, pois houve tempo em que, apesar de não ser vulgar, era razoavelmente frequente.
Em geral, uma pessoa que sabe que está prestes a atingir o '' corpo de arco-íris '' pede que a deixem sozinha e sem ser perturbada durante sete dias num quarto ou numa tenda e, no oitavo, só as unhas e os cabelos, as impurezas do corpo, são encontrados.
Para nós isto pode ser uma coisa muito difícil de acreditar, mas a história factual da linhagem do dzogchen está cheia de exemplos de indivíduos que atingiram o '' corpo de arco-íris '' e, tal como Dudjom Rinpoche costumava dizer, não se trata apenas de histórias antigas. Entre os muitos exemplos, gostaria de escolher um dos mais recentes e famosos, com o qual tenho uma ligação pessoal, ocorrido em 1952 em Timor-Leste e testemunhado por muita gente. O homem que o conseguiu, Sogam Namgyal, era o pai do meu tutor e irmão do lama Tsetsen, cuja morte descrevi ao princípio deste livro. Era um homem muito simples e humilde, que ganhava a vida como escultor de pedra itinerante, gravando mantras e textos sagrados. Alguns dizem que na juventude fora caçador e que recebera os ensinamentos de um grande mestre, mas na realidade, ninguém sabia que se tratava de um praticante, daqueles que designamos por « ocultos «. Algum tempo antes da sua morte era visto a subir as montanhas, onde se sentava recortado contra o céu, olhando para o espaço, e compunha as suas próprias canções e cânticos, que entoava em substituição dos tradicionais. Ninguém fazia ideia do que ele andava a fazer, até que um dia adoeceu ou pareceu adoecer, e, por estranho que possa parecer, mostrou-se cada vez mais feliz. Quando a doença se agravou, a família chamou mestres e médicos, e o filho disse-lhe que não se esqueceria dos seus ensinamentos, mas Namgyal sorriu e respondeu: '' Já os esqueci a todos e, de qualquer modo, não há nada para recordar. Tudo é ilusão mas estou confiante de que tudo correrá bem ''. Um pouco antes da sua morte, aos setenta e nove anos, afirmou: '' Tudo o que peço é que, quando eu morrer, não toquem no meu corpo durante uma semana ''. Quando faleceu, a família enrolou-lhe o corpo em panos e convidou monges e lamas a praticarem por ele. Colocaram o corpo numa divisão da casa e não puderam deixar de notar que, apesar de Namgyal ter sido uma pessoa alta e forte, não tiveram qualquer problema para o pôr nesse quarto, era como se o corpo tivesse encolhido. Ao mesmo tempo, foi vista por toda a casa uma extraordinária exibição de luz, com as cores do arco-íris. Ao sexto dia, quando o olharam, verificaram que o corpo se tornava cada vez mais pequeno, e ao oitavo, na manhã em que deveria realizar-se o funeral, chegaram os homens para levarem o corpo, mas ao desenrolarem os panos encontraram apenas dentro destes as unhas e os cabelos.
O meu mestre Jamyang Khyentse pediu que lhos enviassem e confirmou que se tratava de um caso de « corpo de arco-íris ''.
Sogyal Rinpoche '' O livro Tibetano da vida e da morte, cap.X '' o corpo de arco-íris ''.
Jamyang Khyentse Chokyi Lodro
sábado, 13 de outubro de 2012
Evola e a Tradição
'' Enquanto ' transcendência imanente ' o tradere, a transmissão (logo, a Tradição) não se refere a uma abstracção que se possa contemplar, mas a uma energia que, apesar de invisível não deixa de ser real. É aos chefes e à elite que cabe assegurar essa transmissão, no interior de certos quadros institucionais, variáveis mas homólogos na sua finalidade. É evidente que esta se encontra perfeitamente garantida enquanto é paralela à continuidade rigorosamente controlada de um mesmo sangue. De facto, quando a cadeia de transmissão se interrompe é muito difícil restabelecê-la. Que a Tradição seja o oposto de tudo o que é democracia, igualitarismo, primado da sociedade sobre o Estado, poder que vem de baixo, etc., é inútil sublinhá-lo. ''
(Julius Evola, '' O Arco e a Clava, 1968)
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Segredos dos séculos
Segredos dos séculos
Jaz além um guerreiro
Sangue derramado em vão?
Que segredos se escondem
Nos confins dos séculos?
Perderam-se talvez
No brandir das espadas
No erguer dos escudos
E no galope dos cavalos
Na fúria indomável
Dos que combateram
Nos prantos e clamores
Dos muitos que caíram
No orgulho dos vencedores
E nos rostos dos vencidos
Na prosa dos historiadores
Ou nos versos dos poetas
Nas páginas em branco
Que ficaram por escrever...
Na nossa memória o passado
Tempos e lugares distantes
A continuidade do presente
E o futuro por forjar.
N. Afonso, 25.09.2012
Jaz além um guerreiro
Sangue derramado em vão?
Que segredos se escondem
Nos confins dos séculos?
Perderam-se talvez
No brandir das espadas
No erguer dos escudos
E no galope dos cavalos
Na fúria indomável
Dos que combateram
Nos prantos e clamores
Dos muitos que caíram
No orgulho dos vencedores
E nos rostos dos vencidos
Na prosa dos historiadores
Ou nos versos dos poetas
Nas páginas em branco
Que ficaram por escrever...
Na nossa memória o passado
Tempos e lugares distantes
A continuidade do presente
E o futuro por forjar.
N. Afonso, 25.09.2012
terça-feira, 9 de outubro de 2012
F. Pessoa e a incompreensão pelo silêncio
'' Não sei o que diga. Pertenço à raça dos navegadores e dos criadores de impérios. Se falar como sou não sou entendido, porque não tenho Portugueses que me escutem. Não falamos eu e os que me são meus compatriotas uma linguagem comum. Calo. Falar seria não me compreenderem. Prefiro a incompreensão pelo silêncio. '' (Fernando Pessoa/Bernardo Soares, Livro do desassossego).
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