Palavras e silêncio
Há palavras cortantes e afiadas
Como a lâmina da espada de um samurai
Pesadas como toda a água dos oceanos
Tão leves como as pétalas de uma rosa
Palavras incandescentes,
Autênticas brasas vivas
Que são como fogo, fogo no gelo
Rios de lava penetrante
Há aquelas que dominam
Derrubam, aviltam ou humilham
As que glorificam, enaltecem
Valorizam e vivificam
Outras são desafiantes, obstinadas
Seduzem instantaneamente
E aquelas que são ocas, vazias,
Imersas em discursos opacos
Falsos e programados
Mas palavras há que são digníssimas
Ilustres, poderosíssimas
Sóis de Estio que fecundam
Rapidamente uma estéril planície
Palavras existem que subsistem sem rosto,
Nome ou identidade
Outras são meros rabiscos
Escritos num vulgar papel branco
Há palavras que são murmúrios das águas:
Secretas, enigmáticas, indecifráveis
Não sei se haverá palavras tais
Que traduzam o indizível do silêncio
O impenetrável do silêncio
Que valham mais do que o silêncio
Que substituam o silêncio
Que sejam mais fortes do que o silêncio.
Artur Granja
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