Efemeridades
Ouço essas vozes na praça pública
Glossolalia desordenada e caótica...
De megafone levantado, mentira
E fingimento de mãos dadas
Gritos estridentes abafados
Pelo insano coro das multidões
Anonimato sem destino, efémera fama
Exibida na televisão em horário nobre
Púdicas dores privadas emergem,
Insolente exaltação pública
Que se afunda, inevitavelmente,
Individualidades destruídas
A celebridade ofertada
Em bandeja de fel
Modernidade crudelíssima
Ínfimas e míseras paixões
Aceleradas por necessidades turvas
E inconsequentes,
Travadas a qualquer momento
Sem mérito nem glória
E assim observo estes olhares sem futuro
Rapidamente esquecidos
Por esta putrefacta
Sociedade decadente sublimada!
Artur Granja
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