Soneto da neve fria

Soneto da neve fria

Pões as mãos na neve fria
Ela é pura, dura, inclemente
Se a alvorada é escura
Por certo não te alumia
Até que o Sol te desmente
Quando transforma esse escuro dia
Num outro solarengo e altivo
Dessa manhã não mais ficas cativo
Porque as Trevas foram
Dissipadas pela Luz
E agora já não te seduz
Esse sombrio amanhecer
Mas sim uma nova noite
Que irá um novo dia anteceder.

Artur Granja/N.Afonso

Em mim vês a estação em que se inclina

Em mim vês a estação em que se inclina

''Em mim vês a estação que se inclina
a folhagem sem cor, já pouca, em ramos,
lá onde os frios claustros são ruína
e os pássaros tardios escutamos.
Em mim vês lusco-fusco de tal dia,
quando a oeste o sol se queda mudo
e a noite a pouco e pouco o abrevia,
segundo ser da morte a selar tudo.
Em mim vês que esse fogo bruxuleia,
cinza da juventude que caiu,
como o leito de morte em que se alheia,
onde o consome o que antes o nutriu.
Isto vês, para amar mais te fazer
amar bem o que em breve vais perder.''

(William Shakespeare, tradução de Vasco Graça Moura)

Oráculo

'' O oráculo

 trespassa tudo,

o fim

é o reflexo do princípio.

Como se

um espelho

tivesse duas caras

e ambas vissem.

Na intersecção dos distantes 

evidencia-se

o enigma.''

(Ernst Meister)

Guénon e o significado da crise