Os memoráveis lugares do sonho
O crocitar dos corvos
Rompe o silêncio sepulcral
E a mística boda alquímica,
A união perpétua do Sol e da Lua,
Está já consumada.
Juntam-se os pólos opostos
Na imensa comunhão divina,
Onde não cessa a celestial melodia
Virá porventura alguém acordar
Os aflitos que dormem
Ou os vencidos que alastram
Pelos campos intactos
Da imaculada solidão?
A névoa cobre tudo:
Sonhos e pretensão
Ora! Não terminou ainda
A procissão dos últimos
Nem o hastear das bandeiras
Que ondulam sobre os penedos
Haja aí um querer,
Além onde soçobram as multidões,
Impelido pelo triunfante vôo das águias
Que vêem onde mais ninguém vê
E se empoleiram onde ninguém
Ousa algum dia repousar.
N. Afonso
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