No meio de nós
No meio de nós há muros e barreiras
Palavras artificiais e gestos inúteis
Circunspectos olhares e troça
Paredes de cal que nos separarm,
Grinaldas de flores e cactos verdejantes
Sorrisos cúmplices e complacentes,
Mãos enlameadas que se tocam
Na envolvente penumbra da noite
Silêncios que perduram no tempo,
Desfaçatez iníqua que se infiltra
Pelas vidraças enquanto o vento sopra
Entre nós há destroços que se movem,
Hoje aqui e amanhã ali...
E não se esquece a pérfida monotonia
Que nos abate, implacavelmente
Nem o latir dos velhos cães
Nas ruas desertas e frias.
Resta um só segredo por contar,
Uma frágil narrativa que nos define.
N. Afonso
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