O ruído da cidade
As ruas da cidade pejadas de escombros
Humanos! Ruínas de si próprios.
Aqui e ali, reluzem trémulas luzes,
Fugazes néons acendem-se e apagam-se
Na mais largas ruas e avenidas
O ruído é intenso e ensurdecedor:
Buzinas estridentes, barulhentas sirenes.
Invadem-te sons, cores e cheiros variadíssimos
A agitação é grande e sufoca-te
O ar poluído, as mentes dúbias,
Toda esta pressa que te esmaga.
Dizes: estará também Deus nestes lugares?
Segues em frente, não te deténs.
E partes, rumo a outras paragens.
Guiado por uma indizível melancolia
Dás por ti já noutro sítio, longe dali.
O céu está tingido de vermelho
Quando páras junto a um límpido riacho.
Estás só, tu e os teus pensamentos
Parece que tudo ficou para trás
E se desvaneceu num ápice.
Toda a dispersão, ansiedade e loucura.
Todos os nomes parecem um só,
Na face nítida do luar que te acolhe.
Duro, insondável, silencioso!
Uma fortaleza contra intrusos
Recolhes em ti mesmo e repousas
E já é dia quando regressas a casa...
N. Afonso
Sem comentários:
Enviar um comentário