Crepúsculo Do Mundo
POESIA E CONTRACULTURA
Número total de visualizações de páginas
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
segunda-feira, 11 de agosto de 2014
sábado, 9 de agosto de 2014
O erro monoteísta
"Monotheism is therefore a metaphysical error, since the world principle, which is outside the world, is beyond number, impersonal, indescribable, and unknowable. Above all, monotheism is dangerous because of its consequences, since it is a projection of the human 'self' into the divine sphere, replacing love and respect for the divine work as a whole with a fictitious character, a kind of heavenly king who governs human affairs, to whom the most absurd edicts are attributed. Intolerant, the so-called ”only god” is, in fact, only the god of one tribe. Monotheistic religions have served as an excuse for persecutions, massacres, and genocides; they fight each other to impose the dominion of their heavenly tyrant on others."
Alain Daniélou, 'Shiva and the Primordial Tradition: From the Tantras to the Science of Dreams'
quarta-feira, 16 de julho de 2014
sábado, 12 de julho de 2014
Gotas de orvalho
"Both the victor
and the vanquished are
but drops of dew,
but bolts of lightning -
thus should we view the world."
Poema de morte de Ouchi Yoshitaka(1507-1551), composto pouco antes de cometer seppuku.
and the vanquished are
but drops of dew,
but bolts of lightning -
thus should we view the world."
Poema de morte de Ouchi Yoshitaka(1507-1551), composto pouco antes de cometer seppuku.
sexta-feira, 4 de julho de 2014
A vocação do Poeta
A vocação do Poeta
O homem quando é necessário
Pode permanecer só e sem temor, ante Deus.
A sua candura o protege
Não necessita braços ou astúcia,
Sempre que a ausência de Deus o ajude.
Friedrich Hoelderlin
O homem quando é necessário
Pode permanecer só e sem temor, ante Deus.
A sua candura o protege
Não necessita braços ou astúcia,
Sempre que a ausência de Deus o ajude.
Friedrich Hoelderlin
domingo, 29 de junho de 2014
Esparsa ao desconcerto do mundo
Esparsa ao desconcerto do mundo
Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado:
Assim que, só para mim
Anda o mundo concertado.
L.V. de Camões
Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado:
Assim que, só para mim
Anda o mundo concertado.
L.V. de Camões
quinta-feira, 26 de junho de 2014
Palavras e silêncio
Palavras e silêncio
Há palavras cortantes e afiadas
Como a lâmina da espada de um samurai
Pesadas como toda a água dos oceanos
Tão leves como as pétalas de uma rosa
Palavras incandescentes,
Autênticas brasas vivas
Que são como fogo, fogo no gelo
Rios de lava penetrante
Há aquelas que dominam
Derrubam, aviltam ou humilham
As que glorificam, enaltecem
Valorizam e vivificam
Outras são desafiantes, obstinadas
Seduzem instantaneamente
E aquelas que são ocas, vazias,
Imersas em discursos opacos
Falsos e programados
Mas palavras há que são digníssimas
Ilustres, poderosíssimas
Sóis de Estio que fecundam
Rapidamente uma estéril planície
Palavras existem que subsistem sem rosto,
Nome ou identidade
Outras são meros rabiscos
Escritos num vulgar papel branco
Há palavras que são murmúrios das águas:
Secretas, enigmáticas, indecifráveis
Não sei se haverá palavras tais
Que traduzam o indizível do silêncio
O impenetrável do silêncio
Que valham mais do que o silêncio
Que substituam o silêncio
Que sejam mais fortes do que o silêncio.
Artur Granja
Há palavras cortantes e afiadas
Como a lâmina da espada de um samurai
Pesadas como toda a água dos oceanos
Tão leves como as pétalas de uma rosa
Palavras incandescentes,
Autênticas brasas vivas
Que são como fogo, fogo no gelo
Rios de lava penetrante
Há aquelas que dominam
Derrubam, aviltam ou humilham
As que glorificam, enaltecem
Valorizam e vivificam
Outras são desafiantes, obstinadas
Seduzem instantaneamente
E aquelas que são ocas, vazias,
Imersas em discursos opacos
Falsos e programados
Mas palavras há que são digníssimas
Ilustres, poderosíssimas
Sóis de Estio que fecundam
Rapidamente uma estéril planície
Palavras existem que subsistem sem rosto,
Nome ou identidade
Outras são meros rabiscos
Escritos num vulgar papel branco
Há palavras que são murmúrios das águas:
Secretas, enigmáticas, indecifráveis
Não sei se haverá palavras tais
Que traduzam o indizível do silêncio
O impenetrável do silêncio
Que valham mais do que o silêncio
Que substituam o silêncio
Que sejam mais fortes do que o silêncio.
Artur Granja
terça-feira, 17 de junho de 2014
Efemeridades
Efemeridades
Ouço essas vozes na praça pública
Glossolalia desordenada e caótica...
De megafone levantado, mentira
E fingimento de mãos dadas
Gritos estridentes abafados
Pelo insano coro das multidões
Anonimato sem destino, efémera fama
Exibida na televisão em horário nobre
Púdicas dores privadas emergem,
Insolente exaltação pública
Que se afunda, inevitavelmente,
Individualidades destruídas
A celebridade ofertada
Em bandeja de fel
Modernidade crudelíssima
Ínfimas e míseras paixões
Aceleradas por necessidades turvas
E inconsequentes,
Travadas a qualquer momento
Sem mérito nem glória
E assim observo estes olhares sem futuro
Rapidamente esquecidos
Por esta putrefacta
Sociedade decadente sublimada!
Artur Granja
Ouço essas vozes na praça pública
Glossolalia desordenada e caótica...
De megafone levantado, mentira
E fingimento de mãos dadas
Gritos estridentes abafados
Pelo insano coro das multidões
Anonimato sem destino, efémera fama
Exibida na televisão em horário nobre
Púdicas dores privadas emergem,
Insolente exaltação pública
Que se afunda, inevitavelmente,
Individualidades destruídas
A celebridade ofertada
Em bandeja de fel
Modernidade crudelíssima
Ínfimas e míseras paixões
Aceleradas por necessidades turvas
E inconsequentes,
Travadas a qualquer momento
Sem mérito nem glória
E assim observo estes olhares sem futuro
Rapidamente esquecidos
Por esta putrefacta
Sociedade decadente sublimada!
Artur Granja
sábado, 7 de junho de 2014
Lugar da memória
Lugar da memória
No velho átrio da nossa mente
Repousam os escombros
De certas memórias
Erguem-se lentamente
São estátuas de mármore
Esculpidas num mar vítreo
Soberanas, primevas e silentes
Latentes, talvez até adormecidas
Despertarão um dia, audaciosas
Lembrando gatos imprevisíveis
Para saltarem sobre nós, múltiplas
Variegadas, martelando incessantemente
Em dias de tormenta ou mesmo
Nos de plena tranquilidade,
Em terra e junto ao mar,
Na vastidão do eu
Elas dormem e mais tarde acordam
Por vezes parecem morrer
Mas sempre ressuscitam.
Artur Granja/N. Afonso
No velho átrio da nossa mente
Repousam os escombros
De certas memórias
Erguem-se lentamente
São estátuas de mármore
Esculpidas num mar vítreo
Soberanas, primevas e silentes
Latentes, talvez até adormecidas
Despertarão um dia, audaciosas
Lembrando gatos imprevisíveis
Para saltarem sobre nós, múltiplas
Variegadas, martelando incessantemente
Em dias de tormenta ou mesmo
Nos de plena tranquilidade,
Em terra e junto ao mar,
Na vastidão do eu
Elas dormem e mais tarde acordam
Por vezes parecem morrer
Mas sempre ressuscitam.
Artur Granja/N. Afonso
quinta-feira, 29 de maio de 2014
sábado, 24 de maio de 2014
Antes do fim
Antes do fim
Vede: agora dominam os insurrectos!
Com desmedida empáfia
Escarnecem da vida e da morte
Do alto das suas solenes cátedras
Num ímpeto criador
Eu, como um falcão,
Lanço-me em vôo picado
Sobre os conceitos imutáveis
Que o Tempo ainda não manchou
Olho as cidades em cinza, ideias-brasa
Já antes purificadas pelo fogo
Escuta -este silêncio que te fala-
Penetro na noite como
Um ladrão furtivo
As tuas mãos macias e sedosas
Acariciam os meus cabelos
E dardejantes pedaços de gelo
Desfazem-se de encontro
Aos meus ígneos lábios
Por fim, os caminhantes encontram-se
Naquele ermo lugar
Onde não há mais medo
Temor, ira ou impotência
Aí jazem felizes os ousados
Tranquilamente e sem alarido
Ou qualquer outro resquício
De humanos atributos.
Artur Granja/N. Afonso
Vede: agora dominam os insurrectos!
Com desmedida empáfia
Escarnecem da vida e da morte
Do alto das suas solenes cátedras
Num ímpeto criador
Eu, como um falcão,
Lanço-me em vôo picado
Sobre os conceitos imutáveis
Que o Tempo ainda não manchou
Olho as cidades em cinza, ideias-brasa
Já antes purificadas pelo fogo
Escuta -este silêncio que te fala-
Penetro na noite como
Um ladrão furtivo
As tuas mãos macias e sedosas
Acariciam os meus cabelos
E dardejantes pedaços de gelo
Desfazem-se de encontro
Aos meus ígneos lábios
Por fim, os caminhantes encontram-se
Naquele ermo lugar
Onde não há mais medo
Temor, ira ou impotência
Aí jazem felizes os ousados
Tranquilamente e sem alarido
Ou qualquer outro resquício
De humanos atributos.
Artur Granja/N. Afonso
segunda-feira, 12 de maio de 2014
Antonin Artaud
Antonin Artaud
Poeta visonário de olhar penetrante
Génio louco, diriam outros
Uma voz que nos fala
Dos confins do mundo
Inquietante, perturbador, misterioso.
Pária do surrealismo por mérito próprio
Anarquista por natureza
Tudo isso e muito mais
Sempre lúcido na sua loucura
De asilo em asilo
Rodez já te esqueceu...
Entre os Tarahumaras não te perdeste
Deambulaste furiosamente pela vida,
Ó filho do Mediterrâneo
Fizeste o teu próprio caminho
Remaste sempre contra a maré
Tu, destruidor de ilusões
Persistente iconoclasta
No palco foste tu próprio
Intenso, verdadeiro, rebelde
Daqui te saúdo, Artaud!
Que caia sobre ti
Um último raio de verdade.
Artur Granja/N. Afonso
sexta-feira, 9 de maio de 2014
Rosa-símbolo
Rosa-símbolo
Vem
Vem até mim, rosa secreta
Lenta e silenciosamente
Como só tu sabes
Acolhe-me no teu regaço
E murmura o nome dela
Exalas um odor suave e discreto
Tu, símbolo indiscutível do Amor
Outros cantar-te-ão aos ouvidos
Intensas odes e joviais melodias
Não sei o que pretendes de mim
Secreta rosa, brilhante, altaneira
Não te dedicarei odes
Ou outras melodias
Quando sussurrares o nome dela
Então ela estará longe, distante
Mas mais perto do que nunca
Isso mais ninguém sabe, apenas tu
Só tu foste inconcebivelmente
Criada para guardar segredos
Suprema confidente
Nisso és inigualável
Quer sejas branca, vermelha, amarela
Tu, surpreendente rosa-símbolo!
Artur Granja/N. Afonso
quinta-feira, 8 de maio de 2014
terça-feira, 6 de maio de 2014
Primavera
'' Não são as cores variegadas, os tons graciosos e o ar macio o que tanto nos entusiasma na Primavera. É o tranquilo espírito vaticinador de infinitas esperanças, um pressentimento de muitos dias felizes, da próspera existência de tão diversas naturezas, a suspeita de sublimes florações e frutos eternos e a obscura simpatia para com o mundo social que se desdobra''.
Novalis, in« Fragmentos de Novalis«, tradução de Rui Chafes, Ed.Assírio&Alvim
terça-feira, 29 de abril de 2014
Soneto da neve fria
Soneto da neve fria
Pões as mãos na neve fria
Ela é pura, dura, inclemente
Se a alvorada é escura
Por certo não te alumia
Até que o Sol te desmente
Quando transforma esse escuro dia
Num outro solarengo e altivo
Dessa manhã não mais ficas cativo
Porque as Trevas foram
Dissipadas pela Luz
E agora já não te seduz
Esse sombrio amanhecer
Mas sim uma nova noite
Que irá um novo dia anteceder.
Artur Granja/N.Afonso
Pões as mãos na neve fria
Ela é pura, dura, inclemente
Se a alvorada é escura
Por certo não te alumia
Até que o Sol te desmente
Quando transforma esse escuro dia
Num outro solarengo e altivo
Dessa manhã não mais ficas cativo
Porque as Trevas foram
Dissipadas pela Luz
E agora já não te seduz
Esse sombrio amanhecer
Mas sim uma nova noite
Que irá um novo dia anteceder.
Artur Granja/N.Afonso
sexta-feira, 25 de abril de 2014
Em mim vês a estação em que se inclina
Em mim vês a estação em que se inclina
''Em mim vês a estação que se inclina
a folhagem sem cor, já pouca, em ramos,
lá onde os frios claustros são ruína
e os pássaros tardios escutamos.
Em mim vês lusco-fusco de tal dia,
quando a oeste o sol se queda mudo
e a noite a pouco e pouco o abrevia,
segundo ser da morte a selar tudo.
Em mim vês que esse fogo bruxuleia,
cinza da juventude que caiu,
como o leito de morte em que se alheia,
onde o consome o que antes o nutriu.
Isto vês, para amar mais te fazer
amar bem o que em breve vais perder.''
(William Shakespeare, tradução de Vasco Graça Moura)
''Em mim vês a estação que se inclina
a folhagem sem cor, já pouca, em ramos,
lá onde os frios claustros são ruína
e os pássaros tardios escutamos.
Em mim vês lusco-fusco de tal dia,
quando a oeste o sol se queda mudo
e a noite a pouco e pouco o abrevia,
segundo ser da morte a selar tudo.
Em mim vês que esse fogo bruxuleia,
cinza da juventude que caiu,
como o leito de morte em que se alheia,
onde o consome o que antes o nutriu.
Isto vês, para amar mais te fazer
amar bem o que em breve vais perder.''
(William Shakespeare, tradução de Vasco Graça Moura)
quarta-feira, 9 de abril de 2014
Oráculo
'' O oráculo
trespassa tudo,
o fim
é o reflexo do princípio.
Como se
um espelho
tivesse duas caras
e ambas vissem.
Na intersecção dos distantes
evidencia-se
o enigma.''
(Ernst Meister)
terça-feira, 8 de abril de 2014
domingo, 16 de março de 2014
Post-Scriptum
Post-Scriptum
Quem sou?
De onde venho?
Eu sou o Antonin Artaud,
e se o disser
como sei dizê-lo,
imediatamente
vereis o meu corpo actual
voar em estilhaços
e refazer
com dez mil aspectos
notórios
um corpo novo
onde não podereis
nunca mais
esquecer-me.
A. Artaud, «Post-Scriptum», in '' Eu, Antonin Artaud'', Assírio&Alvim, 2007
domingo, 9 de março de 2014
Defesa dos lobos contra os cordeiros
Quereis que os abutres devorem miosótis?
do chacal que coisa pretendeis,
que se despoje de sua pele, e do lobo:
deve arrancar por si mesmo os dentes?
o que vos desgosta tanto
de comissários e pontífices?
o que mirais boquiabertos
na mentirosa tela do televisor?
quem cose ao marechal
a franja de sangue nas calças?
quem amarra o capão para o usurário?
quem se enforca orgulhoso do umbigo amuado
dessas cruzes de lata? quem
quem colhe a propina, a moeda de prata,
o óbolo do silêncio?
do chacal que coisa pretendeis,
que se despoje de sua pele, e do lobo:
deve arrancar por si mesmo os dentes?
o que vos desgosta tanto
de comissários e pontífices?
o que mirais boquiabertos
na mentirosa tela do televisor?
quem cose ao marechal
a franja de sangue nas calças?
quem amarra o capão para o usurário?
quem se enforca orgulhoso do umbigo amuado
dessas cruzes de lata? quem
quem colhe a propina, a moeda de prata,
o óbolo do silêncio?
muitos são os enganados e poucos os ladrões.
mas, quem os aplaude? quem
os condecora e distingue? quem
está faminto de mentiras?
contemplai-vos ao espelho: covardes
que vos assusta a verdade fastidiosa
e vos repugna aprender
e encomendais aos lobos a função de pensar.
um anel no nariz é a vossa jóia predilecta.
para vós nenhum engano é suficientemente estúpido,
nenhum conselho demasiado barato,
nenhuma chantagem demasiado branda.
comparado a vós, cordeiros
que mutuamente encegueceis
são fraternais os corvos.
entre os lobos reina a irmandade:
vão sempre em matilhas.
abençoados sejam os ladrões: vós
convidando-os à violação,
os deitais nas vírgulas apodrecidas
da obediência, e mentis
enquanto choramingam. o que desejais
é que vos devorem. vós
não ireis mudar o mundo.
mas, quem os aplaude? quem
os condecora e distingue? quem
está faminto de mentiras?
contemplai-vos ao espelho: covardes
que vos assusta a verdade fastidiosa
e vos repugna aprender
e encomendais aos lobos a função de pensar.
um anel no nariz é a vossa jóia predilecta.
para vós nenhum engano é suficientemente estúpido,
nenhum conselho demasiado barato,
nenhuma chantagem demasiado branda.
comparado a vós, cordeiros
que mutuamente encegueceis
são fraternais os corvos.
entre os lobos reina a irmandade:
vão sempre em matilhas.
abençoados sejam os ladrões: vós
convidando-os à violação,
os deitais nas vírgulas apodrecidas
da obediência, e mentis
enquanto choramingam. o que desejais
é que vos devorem. vós
não ireis mudar o mundo.
Hans Magnus Enzensberger
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
Encontrar a palavra certa
Epigrama
''Podes passar uma vida inteira
acompanhado de palavras
sem que encontres a adequada.
Tal como um pobre peixe
embrulhado num jornal húngaro:
Primeiro, estás morto,
segundo, não entendes húngaro.''
Niels Hav
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
Rosa mutável
Rosa mutável
''Ao abrir pela manhã
rubra como sangue está.
O orvalho não a toca
com medo de se queimar.
Aberta à luz do meio-dia
é dura como um coral.
O sol assoma nos vidros
só para a ver fulgurar.
quando nos ramos começam
os pássaros a cantar
e quando a tarde desmaia
nas violetas do mar,
torna-se branca, tão branca
como uma face de sal.
E logo que a noite toca
brando corno de metal
e as estrelas avançam
enquanto se esconde o ar,
no risco fino da sombra
começa-se a desfolhar.''
(Federico García Lorca, 'Poemas', Assírio&Alvim, Lisboa, 2013)
Subscrever:
Mensagens (Atom)