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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz 2013


Votos de um Feliz 2013 a todos os leitores que neste primeiro ano visitaram este espaço. Voltamos nos próximos dias com outros textos e poemas.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Da força suave

Da força suave

Não te deixes enganar
Pela fraqueza aparente
Daquilo que é forte
Mas que te parece fraco

Pois a água que cai
Também ela parece frágil
Mas mostra a sua força
Quando a enxurrada vem
E poucos lhe resistem

Até a rocha mais dura
Se mostra permeável
Perante a força penetrante
Dessa água qua a muitos
Tão fraca lhes parece

N. Afonso, 28.11.2012

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O Renascer Europeu


O Renascer Europeu, por Pierre Krebs (tradução minha)

'' Um Marxista Italiano, Antonio Gramsci, foi o primeiro a compreender que o Estado não está confinado a um mecanismo político. De facto, ele afirmou que o mecanismo político é paralelo ao chamado mecanismo civil. Por outras palavras, cada mecanismo político é reforçado por um consenso civil, o suporte psicológico das massas.
  Este suporte psicológico expressa-se por meio de um consenso ao nível da cultura, visão do mundo e ethos. De modo a existir, o poder político está assim dependente de um poder cultural difuso no interior das massas. Na base desta análise, Gramsci compreendeu porque os Marxistas não conseguiam tomar o poder nas democracias burguesas: eles não possuiam poder cultural.
 Para ser exacto, é impossível derrubar uma máquina política sem previamente controlar o poder cultural. Em primeiro lugar, deve ser ganha a aprovação do povo: as suas ideias, ethos, modos de pensar, sistema de valores, arte e educação têm de ser trabalhados e modificados. Apenas quando as pessoas sentem necessidade de mudança como uma necessidade evidente por si mesma irá o poder político existente, agora afastado do consenso geral, começar a desmoronar-se e ser derrubado.
 A metapolítica pode ser vista como a guerra revolucionária travada ao nível de visões do mundo, modos de pensar e cultura.
 É precisamente o nível metapolítico que é o nosso ponto de partida. Queremos assumir os laboratórios do pensamento. Consequentemente, a nossa tarefa é a oposição ao ethos igualitário e ao pensamento igualitário sócio-económico com uma cosmovisão baseada na diferenciação: isto significa uma ética e uma teoria sócio-económica que respeita o direito a ser diferente. Queremos criar o sistema de valores e atitudes necessários para ganhar o controlo do poder cultural.
 A nossa estratégia não é ditada nem pelas contingências imediatas da realidade nem pelas agitações superficiais da vida política. Não estamos interessados em facções políticas mas em atitudes perante a vida. Os comentadores continuarão a escrever artigos irrelevantes classificando-nos de '' Nova Direita '' mas também de '' esquerdistas ''. Tais termos são patéticos e deixam-nos indiferentes, porque nem a direita nem a esquerda são as nossas preocupações. Apenas nos interessamos pelas atitudes básicas que as pessoas têm perante a vida. E todos aqueles que estão conscientes quer do perigo Americano quer do Soviético, que entendem a necessidade absoluta do renascimento cultural da Europa, como o anunciador do seu despertar político, que se sentem enraízados num povo e num destino, são nossos amigos e aliados, independentemente das suas visões políticas e ideológicas. O que nos motiva e aquilo porque nos esforçamos não pode ser acomodado dentro das actividades de um partido politico, mas - e insistimos neste ponto - somente dentro do quadro de um projecto metapolítico, exclusivamente cultural. Um programa que fixa novamente para nos tornar conscientes da nossa identidade por meio do despertar da memória do nosso futuro, tal como era. Desta forma, visamos preparar o terreno para aquilo que está para vir.
 Definimos o nosso programa como o renascer total da Europa. Também estabelecemos a estratégia para concretizar este projecto: metapolítica e guerra cultural. Ainda temos de considerar a base e o quadro material dentro dos quais este programa pode ser levado a cabo: o Seminário de Thule, uma Nova Escola de cultura Europeia.
 A tragédia do mundo contemporâneo é a tragédia da deslealdade: o desenraízamento de todas as culturas, o afastamento das nossas verdadeiras naturezas, a atomização do homem, o nivelar dos valores, a uniformidade da vida. Um compromisso exaustivo e crítico com o conhecimento moderno - da filosofia à etologia, da antropologia à sociologia, das ciências naturais à história e à teoria da educação - se executado com o adequado rigor intelectual e parecer metodologia empírica, pode somente contribuir para lançar luz sobre a confusão geral do mundo. É com tais considerações fundamentais que o Seminário de Thule se preocupa. Aberto à vida intelectual e espiritual da nossa época, ainda que crítico de todos os dogmas ideológicos, a sua investigação é baseada num sentido de compromisso com a cultura ocidental. O Seminário de Thule preocupa-se em clarificar as questões básicas no coração do movimento de ideias, em redifinir os conceitos culturais essenciais e a descoberta de novas alternativas aos problemas centrais da época. O Seminário de Thule proclama uma Europa Europeia que tem de se tornar consciente da sua identidade e do seu destino. ''

Fonte: Die Europaeische Wiedergeburt( Grabert, Tubingen, 1982; 82-6, 89)

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Natal e o Solstício de Inverno


Natal e o Solstício de Inverno, por Julius Evola

'' Poucos suspeitam de que os feriados (i.e., os dias santos Católicos) actuais, no século dos arranha-céus, da rádio, dos grandes movimentos de massas são celebrados e continuam...uma remota tradição, levando-nos de volta aos tempos em que quase na alvorada da humanidade se iniciou o movimento ascendente da primeira civilização Ariana; uma tradição na qual, além disso, a grande voz daqueles homens se expressa, mais do que uma crença em particular.
  Um facto desconhecido da maioria tem de ser desde já lembrado; que nas suas origens a data do Natal e a do ano novo coincidiam, esta data, não sendo arbitrária, mas ligada a um evento cósmico preciso, o Solstício de Inverno.
  O Solstício de Inverno é, de facto, a 25 de Dezembro, que é a data do Natal, daí conhecida, mas que nas suas origens tinha um significado essencialmente solar. Isso aparece também na Roma Antiga: a data de Natal na Roma Antiga era a do nascer do Sol, o Deus Invicto, Natalis Solis Invicti. Com isso, como dia do Sol novo- dies soli novi - na época imperial, anunciava o início do ano novo, o novo ciclo. Mas este ''nascimento solar'' de Roma no período imperial, por sua vez, referia-se a uma tradição de algum modo mais remota de origem Nórdico-Ária.
   Do restabelecer, Sol, a divindade solar, já aparecera entre os deuses indígenas, ou seja, entre as divindades de origem Romana, transmitidas de ainda mais distantes ciclos de civilização. Na realidade, a religião solar do período imperial, em larga medida, tinha o significado de uma recuperação e quase um renascimento, infelizmente alterada por vários factores de decomposição, de uma muito antiga herança Ariana.
  Na tradição Ária e Nórdica e na própria Roma, o mesmo tema tinha uma importância não apenas mística e religiosa mas sagrada, heróica e cósmica ao mesmo tempo. Era a tradição de um povo, a quem a mesma natureza, a mesma grande voz de que escrevi, naquela época, a tradição de um mistério de ressurreição, do nascimento do renascimento de um início não somente de '' luz '' e nova vida, mas também de Imperium, na mais alta e augusta acepção da palavra ''.

Julius Evola '' Roma e il natale solare nella tradizione nordico-aria '', in « La difesa della raza » (1940).

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A chave e a porta






 A chave e a porta

Qundo abres algumas portas
Com a mesma chave
Não penses que essa chave
Abre todas as portas
Nem digas que aquelas
Que não conseguiste abrir
Não podem ser abertas
Por qualquer outra chave

N. Afonso, 27.11.2012




















terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Algumas cartas de René Guénon







'' Amen deve certamente relacionar-se com o egípcio Amoun (que, coisa bizarra, dá Numa se se lê ao contrário); o sentido principal parece ser o de mistério, coisa oculta ou invisível; daí deriva Emounah, que significa fé. Em AmeN e AUM, há duas letras comuns em três, A e M, que representam dois opostos ou complementares; N indica o produto dos dois termos, e por isso está colocado depois, enquanto que o U indica o laço que os une, e por isso, situa-se entre eles. Unicamente, os dois complementares não parecem ser considerados desde o mesmo ponto de vista nos dois casos, figurados por símbolos hieroglíficos correspondentes. Existe aí algo que ainda não está muito claro e será necessário que pense nisso de novo para falarmos uma próxima vez. '' (Carta a Guido de Giorgio, L'Instant et l' Eternité.)


'' Alberto Magno e São Tomás estavam vinculados a uma organização hermética, mas é possível que a denominação de '' Rosa-Cruz'' não estivesse ainda em uso nessa época, eu de facto, não creio que possa ter aparecido antes do século XIV. ( Carta com destinatário desconhecido, de 5 de Maio de 1935. Publicada em Etudes Traditionelles.)


'' No que se refere à inicição baseada no esoterismo cristão, tudo o que pode conhecer-se dela é mais de ordem cosmológica e '' hermética'' que puramente metafísica ; isto está relacionado sem dúvida com a mentalidade ocidental, mais do que com o Cristianismo em si mesmo. Seria não obstante pouco provável que nunca tivesse havido outra coisa, mas deve ter estado sempre reservada a um número muito pequeno e não deixou vestígios aparentes; de outro modo, seria de supor que se trata de uma tradição incompleta na sua própria essência; mas o anterior nunca se pôde expressar de outro modo que por uma '' transposição '' dos mesmos símbolos a um nível superior.
-Em todo o caso, relativamente à fundação dos três principados romanos, o simbolismo hermético é de facto evidente, como você diz; e o mesmo em relação a tudo o que diz respeito aos contos e ao chamado '' folclore ''; até é raro, creio, que este simbolismo se haja conservado tão claramente em casos semelhantes... Não pensaria fazer algum trabalho sobre todas estas questões? Sem dúvida valeria a pena, especialmente quando o tema, sobretudo desde este ponto de vista, não deve ter sido muito estudado até agora. ''
(Carta a Vasile Lovinescu de 19 de Maio de 1935. Publicada em Symbolos, nº17-18, Guatemala, 1999.)


- '' O que diz Clemente de Alexandria da Esfinge, confirmando as conclusões às quais vós chegastes, é muito interessante. Parece além disso que não haja uma relação muito directa entre a Esfinge grega e a egípcia, mesmo que seja designada pelo mesmo nome; que pensais vós? - Muitos pretenderam ver na Esfinge egípcia um símbolo quaternário ( combinação dos quatro animais da visão de Ezequiel e do Apocalipse), mas na realidade não está composta visivelmente mais do que por dois elementos, cabeça humana e corpo de leão. Nunca vi nenhum exemplar da Esfinge egípcia alada ,senão unicamente, como variante, esfinges com cabeça de carneiro (símbolo de Amon)''.
(Carta a Ananda K. Coomaraswamy, 2 de Outubro de 1945)


'' Canselliet ( que não é Fulcanelli, mas que se faz passar por seu continuador) não tem certamente nada de um ''mestre ''; além disso, do ponto de vista tradicional, não pode vincular-se mais ou menos efectivamente mais do que a uma dessas correntes desviadas no sentido '' naturalista'' às quais me referi em diversas ocasiões''. (Carta a Eric Ollivier, 26 de Setembro de 1946)


- O essencial, como dizeis, é estar de acordo no fundo. A palavra '' alquimia '' dá lugar, de facto, na maioria das pessoas, à confusão de que falais e várias vezes o assinalei; creio que '' hermetismo '' seria mais conveniente ( ou melhor se poderia dizer '' alquimia espiritual '' para evitar qualquer equívoco). '' Gnosis '' tem um sentido muito mais amplo, e por outra parte, tem o inconveniente de que muitos confundem '' gnosis '' e '' gnosticismo '', o que no entanto não é a mesma coisa. Em relação à '' tradição primordial '', a expressão não seria aplicável nesse caso, pois não se trata na realidade mais do que uma  forma derivada, como além do mais o são todas as que se conhecem na actualidade.
   É muito exacto dizer que o sal é apenas a união do enxofre e do mercúrio, ou não é mais precisamente o produto desta união? A confusão filosófica do ser não-manifestado com o nada é sem dúvida enorme, mas há que precaver-se de que tudo o que os homens são incapazes de conceber ( e o horizonte intelectual dos filósofos modernos está muito estreitamente limitado) , não pode realmente surgir-lhes mais que como o nada ''.
( Carta a Louis Cattiaux, 20 de Fevereiro de 1950)


'' Estamos muito de acordo no que concerne ao sal; mas não me explicou bem que faleis do '' enxofre terrestre '' e do '' mercúrio celeste '': isso não vem tornar a terra masculina e o Céu feminino, frente ao simbolismo tradicional, mais geralmente admitido? ( Digo mais geralmente porque parece que a tradição dos antigos egípcios seja a excepção; mas sabem-se realmente tão poucas coisas dela que é impossível conhecer a razão desta anomalia pelo menos aparente e bastante surpreendente à primeira vista) ''.
( Carta a Louis Cattiaux, 20 de Março de 1950)

Cartas extraídas de '' Sobre Hermetismo '' (Tradução minha)







sábado, 1 de dezembro de 2012

O guerreiro e a cidade




'' O guerreiro e a cidade '', por Dominique Venner ( Tradução minha)

'' Em 1814, no final das guerras Napoleónicas, Benjamin Constant escreveu com alívio: '' Chegámos à era do comércio, a era que deve necessariamente substituir a da guerra, tal como a da guerra teve necessariamente que precedê-la ''. Ingénuo Benjamin! Assumiu amplamente a ideia de progresso indefinido, apoiando o advento da paz entre homens e nações.
 A era do comércio suave substituindo a da guerra...Sabemos o que o futuro fez desta profecia! A era do comércio foi imposta, certamente, mas pela multiplicação das guerras. Sob a influência do comércio, ciência e indústria- por outras palavras, o progresso- as guerras tomaram mesmo proporções monstruosas que ninguém poderia ter imaginado.
 Havia, no entanto, alguma verdade na falsa previsão de Constant. Se as guerras continuaram e até prosperaram, por outro lado, a figura do guerreiro perdeu o seu prestígio social em benefício da duvidosa figura do mercador. Esta é a nova era em que ainda vivemos, até ao momento.
 A figura do guerreiro foi destronada, mesmo quando a instituição militar durou mais do que qualquer outra na Europa desde 1814. Perdurou desde o tempo da Íliada- trinta séculos - transformando-se, adaptando-se a todas as mudanças nas épocas, guerras, sociedades e regimes políticos, mas ainda continua a preservar a sua essência, que é a religião do orgulho, o dever e a coragem. Esta permanência, pelo contrário, só é comparável com outra instituição imposta: a Igreja ( ou as Igrejas). O leitor está chocado! Uma surpreendente comparação! E mesmo assim...
 O que é o exército desde a Antiguidade? É uma instituição quase religiosa, com a sua própria história, heróis, leis e ritos. Uma instituiçaõ muito antiga, até mesmo mais velha do que a Igreja, nascida de necessidades tão antigas como a humanidade, e que agora está a deixar de existir. Entre os Europeus, nasceu de um espírito que é específico deles e os quais- ao contrário da tradição Chinesa, por exemplo- fazem da guerra um valor em si mesmo. Por outras palavras, nasceu de ume religião cívica surgida da guerra, cuja essência, numa palavra, é a admiração pela coragem no rosto da morte.
 Esta religião pode definir-se como a da cidade no sentido Grego ou Romano da palavra. Numa linguagem mais  moderna, é a religião da pátria, grande ou pequena. Como Heitor disse há trinta séculos no livro XII da Íliada, para aludir a um mau presságio: '' Não é por um bom resultado que lutamos pela nossa pátria ''. ( XII, 243). A valentia e a pátria estão ligadas. Na última batalha da guerra de Tróia, sentindo-se ameaçado e condenado, Heitor chorou de desespero com o clamor: '' Ó bem! Não pretendo morrer sem lutar, nem sem glória, nem sem alcançar nenhum feito que seja contado nos tempos vindouros. '' (XXII, 304-305). Encontramos este lamento de orgulho trágico em todas as épocas de uma história que glorifica o herói desafortunado, engrandecido por uma derrota épica: as Termópilas, a canção de Rolando ou Dien Bien Phu.
 Cronologicamente, a linha guerreira aparece antes do Estado. Rómulo e as suas belicosas companhias traçaram primeiro os futuros limites da Cidade e estabeleceram-na pela sua lei inflexível. Por haver transgredido a lei, Remo foi sacrificado pelo seu irmão. Então, e só então, os fundadores raptaram as Sabinas para assegurarem a sua descendência. Na fundação do Estado Europeu, a ordem dos guerreiros livres precede a das famílias. Foi por isso que Platão viu Esparta muito mais próxima do modelo da Cidade Grega do que Atenas. (1)
 Ainda que possam parecer débeis, os exércitos Europeus actuais constituem ilhas de ordem num meio em seu redor que desmoronou, onde Estados fictícios promovem o caos. Ainda que diminuído, um exército permanece como uma instituição baseada na férrea disciplina e participante da disciplina cívica. Por esta razão, esta instituição carrega em si uma semente genética de restauração, não por procurar o poder ou miltarizar a sociedade, mas para reafirmar a primazia da ordem sobre a desordem. Foi o que as compagnonnages da espada fizeram depois da desintegração do Império Romano e tantas outras depois disso. ''

Notas:
1- In '' Les metamorphoses de la cité, essai sur la dynamique de l'Occident (Paris, Flammarion, 2010), baseado na leitura de Homero, Pierre Manent realça o papel das aristocracias de tipo guerreiro na fundação da cidade antiga.